O RPG escolar

Plano de Aula

Objetivo
- Apresentar conteúdos escolares de forma lúdica por meio do jogo de interpretação de papéis (RPG).

Anos
6º ao 9º.

Tempo estimado
Duas aulas.

Material necessário
Lápis, borracha, papel e dados de seis faces (um para cada grupo de alunos).

Número de jogadores
De cinco a nove por grupo. Um dos integrantes é o narrador.

Desenvolvimento
1ª ETAPA
Comece a atividade contando à turma que você pretende usar o RPG para explicar um conteúdo de sua disciplina. Detalhe as regras básicas:
- Um RPG escolar caracteriza-se por ser um jogo de "final fechado". Os alunos deparam com uma missão proposta pelo enredo e só podem chegar a dois resultados: ou a realizam ou não.

- Todo o enredo é estruturado em "bifurcações". De acordo com as respostas, os jogadores são encaminhados para um lado ou para o outro. Quem dá as instruções sobre o encaminhamento da história é o narrador.

- Outro tipo de bifurcação são os testes de habilidade. Seu resultado é definido no jogo de dados. Cada aluno recebe uma ficha com o perfil de habilidades de seus personagens (força, inteligência etc.), numeradas de 1 a 5. Quando jogam o dado, um resultado igual ao nível de dificuldade ou menor significa sucesso do personagem (vitória no confronto, ação completada etc.).

2ª ETAPA
Divida os alunos em grupos. O mais comum é separá-los em seis elementos (cinco jogadores e um narrador). Distribua fichas com as habilidades dos personagens - incentive a turma a descrever as características deles e a desenhá-los. Os narradores recebem previamente o roteiro da história para estudá-la.

3ª ETAPA
Começa o jogo! No decorrer da aventura, o professor age como mediador, circulando pela sala e auxiliando os narradores a contar a história. Para reforçar os conceitos a ser assimilados, apóie o trabalho dos narradores sem interferir em seu processo criativo. Estimule as decisões dos jogadores, tirando dúvidas no decorrer da história.

4ª ETAPA
Ao fim do jogo, permita que os alunos discutam sobre os aspectos do conteúdo que consideraram mais interessantes na história. Em que medida eles influenciaram o desempenho do personagem e o desenvolvimento do jogo? Um bom recurso é contextualizar a explicação com situações vivenciadas no RPG.

Avaliação
Peça à turma um trabalho sobre o entendimento do conteúdo que você decidiu abordar. Com base nas dúvidas mais comuns, repasse os pontos não compreendidos e prepare exercícios - uma sugestão é que eles intercalem enunciados tradicionais com outros ambientados no RPG.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/online/planosdeaula/ensino-fundamental2/PlanoAula_292339.shtml

O ABC do RPG

Professores que embarcaram nos chamados jogos de interpretação explicam como usar o recurso para ensinar conteúdos do 6º ao 9º ano

Manuela Biz

Imagine que um professor de História está discutindo a escravidão no Brasil e deseja ressaltar para a turma as dramáticas condições de vida a que os negros trazidos para cá eram submetidos. Na classe ao lado, um docente de Ciências quer falar sobre o processo de fissão atômica, base das bombas nucleares, sem despejar sobre os alunos um monte de equações incompreensíveis. À primeira vista, nada em comum entre as duas situações. Mas a cena nas salas é a mesma: grupos de cinco ou seis alunos lançam dados e recebem instruções de um colega. Resolvendo enigmas relacionados ao conteúdo curricular, eles debatem entre si. Parecem entretidos e interessados na atividade. Estão jogando RPG.

Fotos: Marcos Rosa

rpg

SORTE LANÇADA Sob o olhar do professor Francisco, a turma de 9º ano da Escola Santa Marina joga e aprende

A sigla vem do nome em inglês role playing game - em português, "jogos de interpretação de papéis". Surgidos nos anos 1970, os RPGs funcionam como uma espécie de dramatização: os jogadores são transferidos para um lugar e uma época imaginários e encarnam personagens ficcionais, seguindo um enredo predefinido e contado por um narrador. Enquanto os acontecimentos são descritos, todos precisam imaginar o que está ocorrendo e são instigados a resolver os enigmas. Das respostas e decisões depende o desfecho da história.

Originalmente, os RPGs foram concebidos para ser apenas um passatempo de adolescentes. Mas, no início da década passada, eles começaram a atrair a atenção de educadores. Hoje há núcleos em universidades dedicados a estudar seu potencial no ensino de diversas disciplinas. "O RPG desenvolve nos alunos características como criatividade, socialização, capacidade de argumentação e liderança, já que é preciso tomar decisões para definir o rumo da história. Sem contar que a atividade torna a aula mais agradável", afirma Luiz Ricon, pesquisador da Pontifícia Univesidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e autor de livros sobre o tema (leia no quadro abaixo dicas dos especialistas para planejar um jogo).
Tradução escolar
Para que o RPG esteja a serviço do aprendizado, sua transposição do universo adolescente para a sala de aula não pode ser direta. O fundamental é que a ação esteja ancorada num conteúdo específico que sirva de base para a aventura. A partir daí, os estudantes discutem e fazem pesquisas para descobrir como seus personagens devem agir. Cabe ao professor analisar se as propostas da turma são possíveis - e coerentes - à luz do conteúdo em questão.

rpg

TIME AFIADO A garotada pesquisa soluções para enigmas relacionados ao conteúdo curricular

Para a aplicação em sala de aula, a organização do jogo também precisa de adaptações. Por exemplo, o costume de usar fantasias para representar cada personagem, a menos que seja importante para a contextualização do conteúdo, é dispensável. Além disso, quem já conhece o RPG usado como entretenimento deve estar se perguntando como fazer os alunos seguir tantas regras. Simplicidade deve ser a palavra de ordem. "O jogo tradicional está para o futebol profissional assim como o educacional está para a 'pelada' de fim de semana. No uso pedagógico, algumas normas devem ser suprimidas para facilitar o entendimento e manter o dinamismo, já que muitos RPGs de entretenimento têm enredos complexos e exigem tempo para ser decifrados", diz Kazuco Kojima Higuchi, mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da rede pública do estado. Mesmo com regras resumidas, o mais recomendável é utilizar o recurso nos anos finais do Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, com turmas cujo repertório possibilite compreender as regras com maior facilidade (veja como realizar a atividade nas turmas do 6º ao 9º ano no quadro acima).

Também é preciso discernimento para saber que conteúdo pode ser abordado com RPGs. A lei de ouro, aqui, é examinar se ele facilita o entendimento do que se pretende tratar. Você se lembra do exemplo da escravidão, citado no início desta reportagem? Se a idéia for fazer o aluno imaginar com realismo os dissabores do trabalho forçado, o RPG pode ser um bom recurso. "É mais interessante explicar a abolição quando o aluno já 'vivenciou' a sensação de ser um quilombola fugitivo. A compreensão do conteúdo é superior", diz Vivien Morgato, professora de Leituras Clássicas da Faculdade Comunitária de Campinas.

O mapa da mina

Escolher um bom RPG educativo ou desenvolver um próprio é apenas o primeiro passo para o planejamento da atividade. Os consultores ouvidos por NOVA ESCOLA listam uma série de orientações para que o jogo - e, principalmente, o aprendizado - seja um sucesso:
- Familiarize-se com o jogo
O melhor é começar como jogador. Assim, você vivencia a aventura e repara erros do enredo que concebeu.

- Tenha um objetivo pedagógico
Apesar do caráter lúdico da atividade, sua função primordial na escola é incentivar a pesquisa sobre um conteúdo. É com base nele que os desafios propostos durante a aventura devem ser estruturados.

- Não dê respostas
Num RPG, os estudantes mais que nunca têm postura ativa. Oriente-os a pesquisar em livros e filmes e a trocar informações com os colegas.

- Planeje o tempo
É importante estar atento tanto ao esgotamento do assunto quanto à necessidade de um desenvolvimento maior que o esperado. Para dar aos alunos tempo de buscar respostas sobre um mistério, uma alternativa é dividir a aventura em mais de um dia de aula.

- Gerencie o imprevisto
O que acontece na história não pode ser controlado inteiramente porque depende da interação com os alunos. Dê espaço e investigue aspectos curiosos relacionados ao conteúdo.

Um segundo fator importante para que a brincadeira ajude a ensinar é focar na contextualização do espaço e da época em que se passa a aventura. Vivien experimentou na prática a relevância dessa ação ao aplicar jogos de RPG para os alunos do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Campinas, a 98 quilômetros de São Paulo. "Durante um jogo sobre a Roma antiga, uma das meninas da sala que interpretava uma cidadã romana se recusou a cumprir a ordem de um guarda de César. Logo os outros alunos perceberam o erro e advertiram que aquela atitude não estava correta, pois eles haviam lido um texto sobre a submissão imposta às mulheres naquele tempo", relembra. Para aumentar a familiaridade histórica, ela incentiva os alunos a pesquisar e descrever as competências e habilidades de seus personagens na ficha que os identifica, aprofundando a imersão na história (veja um exemplo na imagem abaixo).

Há ainda outros casos em que o RPG pode ajudar. Professor do Ensino Fundamental e Médio da Escola Santa Marina, em São Paulo, Francisco de Assis Nascimento Júnior inventou diversos jogos para apresentar às turmas do 9º ano assuntos áridos, como a teoria da relatividade restrita, de Albert Einstein. "Na introdução à Física moderna, uso o enredo do RPG como metáfora para ensinar conteúdos que ou repeliriam o aluno - como equações sobre o comportamento das partículas em velocidades próximas à da luz - ou seriam impossíveis de demonstrar no laboratório escolar, como uma explosão nuclear, por exemplo", diz ele.

Enredo explosivo
Uma das criações de Francisco que mais fazem sucesso é A Separação Faz a Força, sobre a invenção da bomba atômica. A história gira em torno da guerra entre os reinos Azul e Dourado, interrompida devido a uma doença contagiosa que, até então, nunca havia vitimado muita gente. Convidando a turma a assumir o papel dos pesquisadores da cura, ele orienta a atividade para que, no final, os grupos descubram uma analogia entre o princípio de infecção da doença e o da divisão de um átomo, que expele partículas com energia suficiente para partir outros átomos - é a fissão nuclear, reação-base da bomba. "De cada dez grupos em que aplico esse RPG, oito conseguem chegar à conclusão. É um momento mágico para eles perceber que entenderam todo o processo sozinhos", entusiasma-se o professor, jogador de RPG desde a adolescência.

rpg

FAZENDO A FICHA Na descrição do personagem, alunos contextualizam tempo e espaço da história

Mas, no caso dos alunos de Francisco, o aprendizado não se deu num passe de mágica. Antes de começar a jogar, a turma já possuía conhecimentos básicos sobre a relação entre massa e energia, importante para entender as reações atômicas. A opção do docente - usar o RPG para reforçar o conteúdo aprendido, ou no máximo agregar uns poucos novos elementos a ele - é compartilhada pela maioria dos especialistas no assunto.

Apenas uma etapa
Luiz Ricon, da PUC-RJ, acredita que o jogo é mais bem aproveitado quando usado depois da explicação inicial. "Ele funciona como outra perspectiva sobre o mesmo tema", opina. Já para a professora Kazuco, o RPG pode até apresentar um novo conteúdo, mas o professor deve estar preparado para oferecer aos alunos ferramentas de pesquisa a qualquer momento em que as dúvidas surjam. "E, quando a aventura termina, é importante incentivar a turma a relatar tanto a experiência do personagem quanto o aprendizado do tema abordado." O consenso, desta vez, é que o RPG deve ser apenas uma etapa do ensino do conteúdo. Ter consciência disso é fundamental para que o jogo, além de divertir, também ajude a turma a avançar.

Quer saber mais?

CONTATO
Colégio Sagrado Coração de Jesus, Av. Dr. Manuel Afonso Ferreira, 245, 13100-029, Campinas, SP, tel. (19) 3753-2400
Escola e Faculdade Santa Marina, Av. Guilherme Giorgi, 430, 03422-000, São Paulo, SP, tel. (11) 2296-2400 Francisco de Assis Nascimento

BIBLIOGRAFIA
Curumatara - De Volta à Floresta
, Maria do Carmo Zanini e José Roberto Zanchetta, 172 págs., Ed. Devir Livraria, tel. (11) 2127-8752, 28 reais

INTERNET
Exemplos de RPGs educacionais
Artigos e indicações sobre como utilizar o RPG em sala de aula
Sugestões de livros com RPGs educativos
Artigo acadêmico sobre a história dos RPGs e sua ligação com a educação


Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0214/aberto/mt_291737.shtml

Sejam Bem Vindos

Olá Jogadores

Aqui estamos iniciando uma nova fase. Vamos jogar e construir uma estoria com a participação de todos. Vamos dar asas a nossa imaginação e deixar ela voar pelo universo virtual invadindo o nosso mundo real com os nossos sonhos.

Abraços

Mestre